G20: Janet Yellen chega a SP e defende fim da insegurança alimentar e cooperação dos EUA com emergentes
Secretária do Tesouro dos Estados Unidos participa de reunião do G20 nesta semana. Yellen disse que os EUA continuarão defendendo e apoiando a Amazônia, e que o país está desenvolvendo um conjunto de boas práticas para instituições financeiras, para que consigam zerar as emissões com créditos de carbono. Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen.
Reuters
A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, está no Brasil para as reuniões de ministros de Finanças e de presidentes dos bancos centrais do G20, marcadas para esta semana em São Paulo.
Em evento realizado nesta terça-feira (27), Yellen disse que o objetivo do governo de Joe Biden é manter a maior economia do mundo conectada às oportunidades de cooperação internacional, encerrando o “isolamento econômico” que os Estados Unidos viviam antes.
Entre os objetivos de Yellen no G20 estão:
o combate à insegurança alimentar;
a melhora da relação comercial dos Estados Unidos com os países emergentes,
o combate aos efeitos econômicos da pandemia de Covid e dos conflitos geopolíticos em curso no Oriente Médio e Ucrânia.
o incentivo a investimentos em sustentabilidade e transição energética.
Às vésperas das eleições presidenciais americanas — e com o ressurgimento de Donald Trump no cenário eleitoral — Yellen ressaltou a importância que o governo Biden tem dado à manutenção da integração dos EUA com as demais economias pelo mundo.
A secretária enfatizou que os últimos anos mostraram que a colaboração oferece vantagens para todos, e que a resiliência da economia americana ajudou a manter ou impulsionar o crescimento da atividade em economias parceiras.
Na ocasião do G20, Yellen destaca a preocupação do país em investir em cadeias de suprimentos cada vez mais eficientes, principalmente no setor de energia. Ela afirma que os países devem promover uma transição energética justa e dar suporte a ações ambientais, inclusive com apoio financeiro para desenvolver a questão em nações emergentes.
“O clima é um grande objetivo para nós e para os organismos multilaterais”, disse Yellen.
A secretária defendeu que “o Brasil está bem posicionado para a transição para a neutralidade de emissão de carbono por conta de sua grande matriz de energia limpa”, além de ter boa parte da Floresta Amazônica em seu território.
Desse modo, Yellen pontuou que o olhar do Brasil para a sustentabilidade pode ser “um grande ativo” de negociações entre os países, em busca de produtos que agridam menos ao meio ambiente.
“De acordo com estimativas recentes, haverá um investimento de trilhões de dólares para a transição para a energia verde, de aqui até 2050. Há um espaço gigante de possibilidades de colaboração, afirmou.”
Ainda na questão das “finanças climáticas”, Yellen disse que os EUA continuarão defendendo e apoiando a Amazônia, e que o país está desenvolvendo um conjunto de boas práticas para instituições financeiras, para que consigam zerar as emissões com créditos de carbono.
Combate aos efeitos das guerras
Janet Yellen também enfatizou o desejo do Tesouro americano de combater os efeitos econômicos gerados pela pandemia de covid-19 e pelas guerras no leste europeu e no Oriente Médio.
Sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, a secretária condenou o governo russo afirmou que os Estados Unidos “foram guiados a defender os princípios que regem o país”. Por isso, o país “ficará ao lado da Ucrânia pelo tempo que for necessário”, fornecendo apoio militar e financeiro.
“Nossa coalizão (de países em defesa da Ucrânia) representa mais de 50% da economia global e devemos agir junto e de forma condenada”.
Ainda neste contexto, Yellen comentou sobre os problemas nas cadeias produtivas causados pelo conflito, principalmente na produção de algumas commodities alimentares. Isso, segundo ela, tem aumentado a insegurança alimentar pelo mundo e os Estados Unidos querem debater e investir em medidas para combater a fome.
Já sobre a guerra entre Israel e Hamas, a secretária americana pontuou que o país está trabalhando para congelar as finanças do grupo terrorista e impor sanções econômicas aos seus apoiadores.
No entanto, Yellen afirmou que os Estados Unidos estão estudando ações para fortalecer a economia da Faixa de Gaza, para ajudar o povo palestino em sua crise humanitária, mas levando a ajuda para onde “realmente tem que ser destinada”.
Brasil coloca combate à desigualdade como ponto central no G20
Economia americana em “pouso suave”
Yellen, que já comandou o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), compartilhou a mesma visão que os atuais dirigentes da instituição têm defendido nos últimos meses: que os Estados Unidos estão se encaminhando para um “pouso suave” da economia.
O país viveu um ciclo de alta nas taxas de juros – hoje entre 5,25% e 5,50% ao ano – para combater uma forte pressão inflacionária, que chegou aos maiores patamares em mais de duas décadas.
Com essa medida de política monetária, o Fed já conseguiu reduzir bastante de sua inflação, para cerca de 3% no ano, e Yellen espera que, até o fim do ano, o índice inflacionário deve chegar aos 2%, dentro da meta do BC americano.
O ciclo de juros mais altos, entretanto, levantaram pelo mundo uma série de projeções que dizem que os Estados Unidos passarão por um período de recessão econômica, o que Yellen acha pouco provável.
“No último ano, a economia tem sido mais resiliente do que o esperado. O FMI previa um marasmo em 2023, mas isso não aconteceu. A inflação vem caindo e deve continuar”, disse.
A secretária acredita que o mercado de trabalho americano deve continuar forte e a atividade econômica, crescendo, mesmo que menos que no último ano.
“Nós temos ciência dos desafios econômicos de diversos países, mas a economia está aquecida e os Estados Unidos foram um grande impulsionador de toda a atividade no mundo”.
O que é o G20?
O Grupo dos 20, ou G20, é uma organização que reúne ministros da Economia e presidentes dos bancos centrais de 19 países e de dois órgãos regionais, União Europeia e a União Africana.
Juntas, as nações do G20 representam cerca de 85% de toda a economia global, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.
O G20 conta com presidências rotativas anuais. O Brasil é o atual presidente do grupo, tomou posse em 1º de dezembro de 2023 e fica no comando até 30 de novembro de 2024. Durante esse período, o país deve organizar 100 reuniões oficiais.
A principal delas será a Cúpula do G20 do Brasil, programada para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro.
Depois de cada Cúpula, o grupo publica um comunicado conjunto com conclusões, mas os países não têm obrigação de contemplá-las em suas legislações. Além disso, os encontros separados de autoridades de dois países são uma parte importante dos eventos.
O G20 é formado pelos seguintes países:
África do Sul;
Alemanha;
Arábia Saudita;
Argentina;
Austrália;
Brasil;
Canadá;
China;
Coreia do Sul;
Estados Unidos;
França;
Índia;
Indonésia;
Itália;
Japão;
México;
Reino Unido;
Rússia;
Turquia;
União Europeia;
União Africana.
O G20 surgiu em 1999, após uma série de crises econômicas mundiais na década de 1990. A ideia era reunir os líderes para discutir os desafios globais econômicos, políticos e de saúde.
Naquele momento, falava-se muito em globalização e na importância de uma certa proximidade para poder resolver problemas. O G20 é, na verdade, uma criação do G7, que é o grupo de países democráticos e industrializados, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e União Europeia.
O primeiro encontro de líderes do G20 aconteceu em 2008. A cada ano, um dos 19 países-membros organiza o evento.
Reuters
A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, está no Brasil para as reuniões de ministros de Finanças e de presidentes dos bancos centrais do G20, marcadas para esta semana em São Paulo.
Em evento realizado nesta terça-feira (27), Yellen disse que o objetivo do governo de Joe Biden é manter a maior economia do mundo conectada às oportunidades de cooperação internacional, encerrando o “isolamento econômico” que os Estados Unidos viviam antes.
Entre os objetivos de Yellen no G20 estão:
o combate à insegurança alimentar;
a melhora da relação comercial dos Estados Unidos com os países emergentes,
o combate aos efeitos econômicos da pandemia de Covid e dos conflitos geopolíticos em curso no Oriente Médio e Ucrânia.
o incentivo a investimentos em sustentabilidade e transição energética.
Às vésperas das eleições presidenciais americanas — e com o ressurgimento de Donald Trump no cenário eleitoral — Yellen ressaltou a importância que o governo Biden tem dado à manutenção da integração dos EUA com as demais economias pelo mundo.
A secretária enfatizou que os últimos anos mostraram que a colaboração oferece vantagens para todos, e que a resiliência da economia americana ajudou a manter ou impulsionar o crescimento da atividade em economias parceiras.
Na ocasião do G20, Yellen destaca a preocupação do país em investir em cadeias de suprimentos cada vez mais eficientes, principalmente no setor de energia. Ela afirma que os países devem promover uma transição energética justa e dar suporte a ações ambientais, inclusive com apoio financeiro para desenvolver a questão em nações emergentes.
“O clima é um grande objetivo para nós e para os organismos multilaterais”, disse Yellen.
A secretária defendeu que “o Brasil está bem posicionado para a transição para a neutralidade de emissão de carbono por conta de sua grande matriz de energia limpa”, além de ter boa parte da Floresta Amazônica em seu território.
Desse modo, Yellen pontuou que o olhar do Brasil para a sustentabilidade pode ser “um grande ativo” de negociações entre os países, em busca de produtos que agridam menos ao meio ambiente.
“De acordo com estimativas recentes, haverá um investimento de trilhões de dólares para a transição para a energia verde, de aqui até 2050. Há um espaço gigante de possibilidades de colaboração, afirmou.”
Ainda na questão das “finanças climáticas”, Yellen disse que os EUA continuarão defendendo e apoiando a Amazônia, e que o país está desenvolvendo um conjunto de boas práticas para instituições financeiras, para que consigam zerar as emissões com créditos de carbono.
Combate aos efeitos das guerras
Janet Yellen também enfatizou o desejo do Tesouro americano de combater os efeitos econômicos gerados pela pandemia de covid-19 e pelas guerras no leste europeu e no Oriente Médio.
Sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, a secretária condenou o governo russo afirmou que os Estados Unidos “foram guiados a defender os princípios que regem o país”. Por isso, o país “ficará ao lado da Ucrânia pelo tempo que for necessário”, fornecendo apoio militar e financeiro.
“Nossa coalizão (de países em defesa da Ucrânia) representa mais de 50% da economia global e devemos agir junto e de forma condenada”.
Ainda neste contexto, Yellen comentou sobre os problemas nas cadeias produtivas causados pelo conflito, principalmente na produção de algumas commodities alimentares. Isso, segundo ela, tem aumentado a insegurança alimentar pelo mundo e os Estados Unidos querem debater e investir em medidas para combater a fome.
Já sobre a guerra entre Israel e Hamas, a secretária americana pontuou que o país está trabalhando para congelar as finanças do grupo terrorista e impor sanções econômicas aos seus apoiadores.
No entanto, Yellen afirmou que os Estados Unidos estão estudando ações para fortalecer a economia da Faixa de Gaza, para ajudar o povo palestino em sua crise humanitária, mas levando a ajuda para onde “realmente tem que ser destinada”.
Brasil coloca combate à desigualdade como ponto central no G20
Economia americana em “pouso suave”
Yellen, que já comandou o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), compartilhou a mesma visão que os atuais dirigentes da instituição têm defendido nos últimos meses: que os Estados Unidos estão se encaminhando para um “pouso suave” da economia.
O país viveu um ciclo de alta nas taxas de juros – hoje entre 5,25% e 5,50% ao ano – para combater uma forte pressão inflacionária, que chegou aos maiores patamares em mais de duas décadas.
Com essa medida de política monetária, o Fed já conseguiu reduzir bastante de sua inflação, para cerca de 3% no ano, e Yellen espera que, até o fim do ano, o índice inflacionário deve chegar aos 2%, dentro da meta do BC americano.
O ciclo de juros mais altos, entretanto, levantaram pelo mundo uma série de projeções que dizem que os Estados Unidos passarão por um período de recessão econômica, o que Yellen acha pouco provável.
“No último ano, a economia tem sido mais resiliente do que o esperado. O FMI previa um marasmo em 2023, mas isso não aconteceu. A inflação vem caindo e deve continuar”, disse.
A secretária acredita que o mercado de trabalho americano deve continuar forte e a atividade econômica, crescendo, mesmo que menos que no último ano.
“Nós temos ciência dos desafios econômicos de diversos países, mas a economia está aquecida e os Estados Unidos foram um grande impulsionador de toda a atividade no mundo”.
O que é o G20?
O Grupo dos 20, ou G20, é uma organização que reúne ministros da Economia e presidentes dos bancos centrais de 19 países e de dois órgãos regionais, União Europeia e a União Africana.
Juntas, as nações do G20 representam cerca de 85% de toda a economia global, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.
O G20 conta com presidências rotativas anuais. O Brasil é o atual presidente do grupo, tomou posse em 1º de dezembro de 2023 e fica no comando até 30 de novembro de 2024. Durante esse período, o país deve organizar 100 reuniões oficiais.
A principal delas será a Cúpula do G20 do Brasil, programada para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro.
Depois de cada Cúpula, o grupo publica um comunicado conjunto com conclusões, mas os países não têm obrigação de contemplá-las em suas legislações. Além disso, os encontros separados de autoridades de dois países são uma parte importante dos eventos.
O G20 é formado pelos seguintes países:
África do Sul;
Alemanha;
Arábia Saudita;
Argentina;
Austrália;
Brasil;
Canadá;
China;
Coreia do Sul;
Estados Unidos;
França;
Índia;
Indonésia;
Itália;
Japão;
México;
Reino Unido;
Rússia;
Turquia;
União Europeia;
União Africana.
O G20 surgiu em 1999, após uma série de crises econômicas mundiais na década de 1990. A ideia era reunir os líderes para discutir os desafios globais econômicos, políticos e de saúde.
Naquele momento, falava-se muito em globalização e na importância de uma certa proximidade para poder resolver problemas. O G20 é, na verdade, uma criação do G7, que é o grupo de países democráticos e industrializados, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e União Europeia.
O primeiro encontro de líderes do G20 aconteceu em 2008. A cada ano, um dos 19 países-membros organiza o evento.
