Tarifaço: Alckmin diz que foco é dar ‘passos subsequentes’ após aceno de Trump a Lula

O vice-presidente, Geraldo Alckmin, durante cerimônia de assinatura de medida provisória que concede isenção da taxa de serviço metrológico para verificação de taxímetros.
Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (26) que o aceno de Donald Trump ao presidente Lula na Assembleia Geral da ONU representa um primeiro passo para resolver o impasse envolvendo o tarifaço dos Estados Unidos.
Ackmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, participou do IV Encontro Anual do Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper, em São Paulo. Segundo ele, o foco é dar “passos subsequentes” para chegar a um acordo com o presidente americano.
📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça
“O objetivo é correr atrás para poder resolver o tarifaço. E aí quero saudar o encontro, embora rápido, entre os presidentes Lula e Trump, que deram ao menos o primeiro passo”, disse o vice-presidente.
“Vamos tentar dar os passos subsequentes para ir removendo esses problemas e podermos caminhar mais rapidamente para resolver a questão do tarifaço”, acrescentou, ao reforçar a importância do comércio exterior para a indústria brasileira.
Alckmin não detalhou o possível encontro entre Trump e Lula na próxima semana. Mas, conforme mostrou o g1, a expectativa é que uma eventual conversa entre os dois presidentes ocorra de forma remota.
A avaliação dentro do governo brasileiro é que o encontro seja realizado por telefone ou videoconferência.
Durante o evento, o vice-presidente disse que o governo busca retirar mais produtos brasileiros da tarifa de 50%. Ao assinar, em julho, o decreto que estabeleceu o tarifaço contra o Brasil, Trump deixou de fora uma lista de mais de 700 itens, que continuaram sujeitos a taxas menores.
“As tarifas atingem muitos produtos industriais, como máquinas rodoviárias, máquinas agrícolas, motores, além de carne, café, pescado, fruta. Então, todo o esforço é para tentar retirar o máximo que a gente pode e reduzir essa alíquota”, disse.
Participação do empresariado
Mais cedo, o vice-presidente esteve em São Carlos (SP) para a inauguração de um novo hangar da companhia aérea Latam. Durante o evento, ele disse que o empresariado brasileiro ajudou na relação com Trump.
“O presidente Lula sempre defendeu o diálogo e a negociação. Essa sempre foi a postura do Brasil. O empresariado brasileiro ajudou”, declarou Alckmin.
“Foi dado um passo importante. Agora, vamos ter os novos passos para a gente poder avançar ainda mais e fazer o ganha-ganha, que é o que deve ser comércio exterior”, acrescentou.
O vice-presidente também reforçou a importância da parceria comercial entre os dois países, afirmando que o Brasil representa uma oportunidade para a economia norte-americana.
“O Brasil não é problema para os Estados Unidos, ele é solução”, disse.
Tanto no evento da capital paulista quanto no interior do estado, Alckmin citou dados da balança comercial, explicando que, entre os países do G20, os EUA possuem superávit com apenas três: Reino Unido, Austrália e Brasil.
O vice-presidente também ressaltou que os EUA são estratégicos para o comércio exterior brasileiro, principalmente por se tratar de um comprador de produtos de maior valor agregado. “Avião, carro, máquina, motor. Então, eles são muito importantes”, disse.
Alckmin ponderou, no entanto, que atualmente o Brasil depende menos dos norte-americanos. “Na década de 1980, 24% da exportação brasileira era para os EUA. Hoje, fica em 12%. A pauta exportadora está mais diversificada”, afirmou.
Depois de rápido encontro, Trump diz que teve “ótima química” com Lula
Trump: ‘química excelente’ com Lula
Após o discurso de Lula na Assembleia Geral da ONU, Donald Trump afirmou que se reunirá na próxima semana com o chefe do Executivo brasileiro.
No seu discurso, Trump disse que teve uma química “excelente” com o presidente brasileiro. Segundo Trump, Lula “pareceu um cara muito agradável”.
“Eu estava entrando (no plenário da ONU), e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. Na verdade, concordamos que nos encontraríamos na semana que vem”, disse Trump. “Não tivemos muito tempo para conversar, tipo uns 20 segundos.
O republicano seguiu com os elogios ao presidente brasileiro.
“Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócio com gente de quem eu gosto. Quando não gosto deles, eu não faço. Quando eu não gosto, eu não gosto. Por 39 segundos, nós tivemos uma ótima química e isso é um bom sinal.”
Em resposta, o presidente Lula afirmou que “aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível e aconteceu”, e acrescentou que “pintou uma química mesmo” com o presidente dos EUA.
“Fiquei feliz quando ele disse que pintou uma química boa entre nós. Como eu acho que a relação humana é 80% química e 20% emoção, é muito importante essa relação. Torço para que dê certo, porque Brasil e EUA são as duas maiores democracias do continente”, disse Lula.